
Contexto
Os gases que causam o efeito estufa são capazes de reter o calor do Sol na atmosfera, formando uma espécie de cobertor em torno do planeta, impedindo que ele escape de volta para o espaço.
Este fenómeno transforma-se num problema ambiental, quando a emissão de gases do efeito estufa (como o gás carbono, o metano e o óxido nitroso), é intensificada pelas atividades humanas, causando um acréscimo da temperatura média da Terra, conhecido como Aquecimento Global.
O frágil equilíbrio natural do clima foi rompido com a revolução industrial.
A temperatura global média aumentou 0,74ºC entre 1906 e 2005.
Os anos mais quentes ocorreram de 1995 até hoje.
Segundo o relatório de pesquisas dos cientistas do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (fev. 2007) não restam dúvidas de que:
– o aquecimento do planeta está a ser provocado pela ação humana;
– a temperatura média do planeta irá subir de 1,8ºC a 4ºC até ano ano 2100 (3ºC em média);
– furacões e ciclones terão mais força;
– as áreas de seca deverão expander-se;
– teremos ondas de calor mais intensas, mais inundações;
– o nível do mar deve aumentar entre 20 a 60 centímetros até o fim do século, sem considerar os efeitos prováveis do degelo dos pólos.
O CO2 é o gás que mais contribui para o aquecimento global.
O gás carbono emitido hoje permanece na atmosfera por um longo relativo tempo (cerca de 100 anos).
OS MAIORES POLUIDORES
Os EUA com 4% da população mundial, são os responsáveis por mais de 20% de todas as emissões globais de gases do efeito estufa.
Através do Protocolo de Kyoto, acordo internacional promovido pela ONU, em vigor desde Fevereiro de 2005, vários países industrializados comprometeram-se a reduzir em 5% as emissões de gases do efeito estufa até 2012 em relação aos níveis de 1990. O governo do presidente George Bush recusou assinar o tratado. Em oposição a esta decisão, presidentes de câmara de centenas de cidades americanas assumiram compromissos para reduzir suas emissões.
Para atingir as suas metas, os países ricos podem contar com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que permite a compra de “créditos de carbono” dos países em desenvolvimento, como o Brasil, adotando projetos que comprovadamente reduzam as emissões de gases de efeito estufa nos setores energético, de transporte e florestal (contempla a plantação de árvores mas não a conservação de florestas já existentes).
Os países desenvolvidos que mais emitiram gás carbono em 2004 foram, por ordem : EUA, Japão, Alemanha, Canadá, Reino Unido, Austrália, Itália, França, Espanha e Polónia. Os dados são do documento oficial da Convenção de Clima das Nações Unidas, 2006.
A China superou os EUA em emissão de CO2 em 2006, por 7,5%, segundo a Agência de Avaliação Ambiental da Holanda. Os países desenvolvidos transferem muita indústria para a China. O país com uma população de 1,3 mil milhões, emite cerca de 4,7 toneladas de CO2 por habitante, contra 19,2 toneladas nos EUA.
A procura global por energia subirá muito nas próximas décadas devido a ascensão económica da China e da Índia, países que reúnem 40% da população mundial. As duas nações têm como principais fontes de energia o carvão mineral (energia “suja”). Uma alternativa é o desenvolvimento de novas tecnologias que utilizam a biomassa.
A queima de combustíveis fósseis é a principal causa do aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera e os impactos do aquecimento global ameaçam as florestas. O ambiente quente e seco fica mais vulnerável ao fogo. Se o mundo não for capaz de controlar a emissão de gases poluentes, a floresta Amazónica entrará em colapso. Grandes porções da floresta se tornarão em área de cerrado (processo de savanização) e causará uma grande perda de biodiversidade.
Segundo o WWF, “o motor hidrológico da Amazónia tem um grande papel na manutenção do clima global e regional. A água libertada por plantas na atmosfera e por rios no oceano influencia o clima mundial e a circulação das correntes oceânicas”.
O PLANETA APRESENTA SINAIS DE FEBRE

Aumento recorde da temperatura, diminuição das calotas polares, aumento do nível dos oceanos ameaçando cidades próximas ao nível do mar, desertificação, maior número de incêndios florestais, o aumento da força e da frequência de tufões, ciclones e furacões devido ao aquecimento das águas dos oceanos (como o Katrina que praticamente destruiu Nova Orleães), entre outras evidências.
O aquecimento fez diminuir em 20% a calota polar Ártica nas últimas 3 décadas.
A Gronelândia tem vindo a perder gelo para o mar em volume elevado e as rachas vêm desestabilizando parte das geleiras.
Blocos de gelo do tamanho de pequenos países têm-se desprendido da Antártida.
O verão de 2003 na Europa foi o mais quente dos últimos 500 anos e ocasionou milhares de mortes atribuídas ao calor.
Em 2004, o litoral sul do Brasil foi atingido por um cyclone, desabrigando mais de 33.000 pessoas e causando prejuízos de mais de mil milhões de Reais.
Houve seca na Amazônia em 2005 influenciada pelo aumento da temperatura na superfície do Atlântico, isolando 35 municípios. Inúmeras embarcações ficaram encalhadas.
A poluição do ar provocada principalmente pela queima de combustíveis fósseis, mata 2 milhões de pessoas ao ano, segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde.
Os oceanos absorvem um terço do gás carbono que despejamos na atmosfera e estão-se a tornar mais ácidos, ameaçando os corais e a biodiversidade marinha.
Os efeitos climáticos tendem a ficar mais frequentes e extremos.
O aquecimento crescente poderá provocar entre outras consequências : incêndios florestais de difícil controle, alteração nos regimes das chuvas, avanço do mar sobre os rios e o litoral, escassez de água potável, destruição de habitats e a consequente perda de biodiversidade (acentuada extinção espécies afetando ecossistemas), perdas agrícolas, mais fome, migrações de comunidades vulneráveis (problemas sociais) e ameaças à saúde das pessoas (dengue, malária, desnutrição, doenças por contato com água contaminada).
No filme “Uma Verdade Inconveniente” lançado em 2006, Al Gore (EUA) alerta que a humanidade está sentada numa bomba relógio. Ele diz que temos apenas dez anos para evitar uma enorme catástrofe que pode alterar todo o sistema climático do nosso planeta, e que resultará numa destruição épica – uma catástrofe criada por nós mesmos.
A falta de iniciativa custará à economia mundial entre 5% e 20% do Produto Interno Bruto, enquanto reduzir as emissões de CO2 agora representaria apenas 1% do PIB, segundo o Relatório Stern, do governo britânico. Se a mudança climática for ignorada, poderá causar uma catástrofe económica comparável a uma guerra mundial.
O problema exige mudanças em muitos hábitos de consumo.
Os cidadãos em todo o mundo, enquanto eleitores, tem o poder de pressionar seus governos a impor limites para as emissões e a adotar fontes de energia renováveis.